DIA DE FEIRA
Dia de feira é uma loucura.
Acontece de tudo!
Domingo fui á feira, procurando inspiração para
escrever este texto.
Fui preparada para descrever algo pitoresco. Fui
caminhando por aquele labirinto de barracas. Os feirantes pareciam personagens
de uma peça cômica. Apregoavam seus produtos todos de uma vez, e o alarido era
grande. Os sol estava escaldante mas, continuei.
- Hei moça! Peixe fresquinho! Vai levar? Tá barato!
As senhoras paravam e apertavam com o dedo os peixes,
para ver se eram frescos. Levantavam as guelras, para se certificarem se estavam
bem vermelhas. Um inadequado procedimento.
As bactérias davam vivas!
-Alô senhora,
laranjas docinhas aqui. Mulher bonita não paga, mas também não leva!
Pensei... isso
foi um elogio ou uma advertência?
Bem, parei para comprar.
No mesmo
tabuleiro estavam lindos cachos de banana.
Um homem de
meia idade, pegou uma sem cerimônia e,com sua imensa boca devorou-a, jogando a
casca ao chão.
Uma senhora de mais ou menos , uns cento e dez quilos
ia passando.
A pobre escorregou
na casca de banana, e caiu sentada com seus cento e dez quilos
balançando, e o rosto banhado de suor.
O pessoal á sua
volta, esforçavam-se para levantá-la.
Quando conseguiram após muito esforço, a senhora se
foi, vociferando
e esfregando a
sua protuberante traseira.
Um rapaz bem apessoado aproximou-se:
- Que falta de educação! Jogar casca de banana no
chão. È o caos!
Que povo mal
educado! Talvez com seu comentário, quisesse expressar a sua revolta com o que
presenciou.
O feirante ficou muito bravo.
- Que culpa
tenho eu, se esse imbecil jogou a casca de banana no chão?
Voltou-se para o troglodita, e disse:
-Hei senhor,
não devia jogar a casca de banana no chão, seu imbecil, não tem educação?
O homem ficou irado, e retrucou:
- Imbecil é
você, seu carcamano!
A discussão foi longe, com muitos impropérios. Resolvi
continuar minha pesquisa naquela babilônia. Mas, logo adiante, mais um
reboliço. Parece que a peça teatral continuava. O barulho era ensurdecedor.
Todo mundo falando ao mesmo tempo!
Uma moça,vinha passando com seu carrinho de feira.
Um moleque de uns quinze anos empurrou-a, puxou-lhe a
bolsa, e saiu voando como um foguete.
- Ladrão!
Ladrão! Chamem a polícia. Peguem esse moleque!
Mas, ninguém se atreveu a ir em sua perseguição.
A coisa ficou assim mesmo. A moça saiu reclamando:
- Cadê a
polícia desta cidade?
Foi embora, pois sabia que não iria recuperar o seu
dinheirinho, e que a polícia não ia aparecer.
Alguns camelôs, vendiam Cds piratas, cigarros e várias
bugigangas, quando apareceu o Rapa. Foi uma correria. Muitos foram apanhados, e
tiveram suas mercadorias confiscadas. Prejuízo!
Por fim chegou a hora da Xepa, hora em que chega o
pessoal mais pobre da região para comprar o que restou mais barato, ou catar o
que estava esparramado pelo chão, junto a caixotes de lixo.
Crianças e adultos digladiavam-se por uma laranja,
frutas meio apodrecidas, talos de verduras, e tudo mais que pudessem
aproveitar.
È muito triste, ver ao que a necessidade obriga.
No final, cerra-se a cortina com um desfecho que nos
faz refletir sobre o mundo em que vivemos.
Voltei para casa, com a sensação de que não deveria
ter ido á feira naquele dia de domingo!
(POR ESTHER FELICIDADE)